sábado, 9 de janeiro de 2010

Teu....

Cinza. Se há uma cor que pincele essa semana, seria o cinza. Essa cor que não é cor alguma, nem escura demais para ser noite, nem clara demais para ser dia. Amanheci e adormeci entre os tons grafite e chumbo, que descoloriu o início do ano, transformando o verão em inverno gelo. É, faz frio. O vento sopra manso, arrepiando os pêlos, outrora negros. Agora, meu braço é feito sol, tal com o teu, que brilha dourado o ano inteiro.

Senti falta do céu claro sobre minha cabeça, daquele tom de azul que só teus olhos sabem imitar com maestria. Talvez ele seja apenas reflexo daquilo que carregas na face, da piscina que há tempos mergulhei e da qual não anseio sair. Não, podes roubar-me o fôlego por uma vida inteira — eu não necessito mais de ar. O teu respirar em meu ouvido sacia toda a necessidade de um corpo humano e sei ser capaz de conviver com isso apenas.

Vês? Nada mais me importa. Depois do céu claro e das noites bordadas de estrelas, entre fogos de artifício nossos e cobertores emaranhados, o cinza só serve para chover, esfriar. Água fria em corpos quentes, um chiado, vapor que logo some e o teu sorriso, acalorado, fazendo contraste com a minha vermelhidão desnecessária. Quando o meu céu é azul, meu coração não lamenta, não entra em prantos e não chove dores. Tu afugentas todo o medo que me ronda nesses dias cinzas. Desprovido de qualquer cor. Desprovido de você, amor.