domingo, 29 de abril de 2012


“Tentei, juro que tentei. Não pensar mais em ti, ou relembrar das ligações da madrugada. Tentei desistir de sonhar com o nosso antigo nós, pois é, tentei. Tentei não lembrar mais das nossas risadas ou das nossas tardes embaixo dos grossos pingos de chuva que faziam nossos beijos tornarem-se suaves. Tentei amenizar a dor da sua perda. Tentei esquece-te. Tentei. E falhei. Como já é de costume. Tentei não lembrar das tardes em que passávamos horas apenas deitados um em frente ao outro em nossa cama, nossa antiga cama. Tentei te esquecer. Tentei. Tentei não lembrar daquela sua mania de não dormir sem meias, tentei esquecer das noites em que dormia com a sua camiseta, que particularmente, ficava muito melhor em mim. Tentei apagar as lembranças das tardes ensolaradas ao seu lado. Tentei esquecer das tardes em que planejávamos nosso futuro. Tentei esquecer o nome dos nossos filhos. João Arthur e Sophie, lembra? Fora tão difícil chegarmos a uma única conclusão. Tentei esquecer as lembranças que me desfazem aos poucos, tentei. Juro, eu tentei apagar as lembranças das noites estreladas que passamos juntos, tentei. Tentei apagar as tardes em que passamos nos amando naquela antiga “nossa” cama, que hoje, apenas habita a mim. Tentei, tentei apagar as lembranças do dia em que você se fora, tentei, juro que tentei. Mas falhei, como sempre. Não consegui, como sempre acontece. Então, por que não desprendes de mim? Por que não deixas essa nostalgia ir-se embora? Por que não me deixa esquecer-te? Me deixa pelo menos tentar, deixa. Deixa pelo menos uma vez, depois você pode voltar a abtar meus pensamentos, mas me deixa, uma vez, por favor, somente uma vez, me deixa tentar.”